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Restaurantes árabes no Paraíso: Conheça a história por trás de cada um deles

Aqui no Paraíso temos excelentes restaurantes árabes e cada um carrega consigo não apenas a riqueza da culinária, mas a trajetória e a cultura do seu povo.

A inCanto Urbano é a única imobiliária boutique do Paraíso, isso quer dizer que nosso time de especialistas vive 100% o bairro. Por isso decidimos trazer um pouco sobre os restaurantes árabes aqui da região.

Mas antes, que tal contarmos um pouco dessa história para você?

A imigração Árabe no Brasil tem uma importância muito grande e teve forte influência cultural durante alguns períodos, o terceiro e quarto período foi dominado pelos libaneses e ocorreu entre 1918 à 1960, após a primeira guerra mundial.

Com a crise de 1929, os imigrantes que tinham reserva de economia investiram na abertura de novas indústrias e comércio, principalmente restaurantes árabes. No ano de 2010 a comunidade libanesa no Brasil (em sua maioria formada por descendentes) era maior do que a própria população do Líbano.

Conheça um pouco mais sobre a história de alguns desses restaurantes que fazem parte da formação cultural do nosso país e do nosso bairro:

Halim

O libanês Halim e sua esposa Najat Sultan chegaram no Brasil em 1964. Ele foi o primeiro a deixar o Líbano, sem contar suas reais intenções de morar no Brasil, veio e deixou dinheiro para que sua esposa e seu filho de 7 meses viessem encontrá-lo. Halim tinha a promessa de um primo, que já morava no Brasil, de emprego e moradia.

O que Halim não sabia era que o primo o havia enganado com a promessa de trabalho, dizendo que tinha comércio no Brasil, mas na realidade não tinha, sendo assim eles acabaram ficando em uma situação financeira complicada sabendo que o dinheiro que ainda tinham logo iria acabar.

Com vergonha de retornar ao Líbano, Halim decidiu começar do zero. Alugou uma casa em São José do Rio Preto e, junto com sua esposa, começaram a fazer pães e doces para vender nos comércios. Depois de 3 anos a família veio para São Paulo, onde abriram uma loja no Brás e começaram a trabalhar na confecção e venda de doces.

Diante de muita luta, esforço e ajuda dos amigos que fizeram, o negócio cresceu levando a abertura de um restaurante maior na mesma área e, finalmente, nos anos 90 à inauguração do restaurante “Halim” na Rua Doutor Rafael de Barros. Hoje Najat e Samir Sultan, esposa e filho de Halim, dirigem o restaurante desde que ele se aposentou.

Tenda do Nilo

As irmãs Olinda e Xmune Isper, são filhas de uma libanesa e um brasileiro, além delas o casal teve mais três filhos. Seu pai trabalhava na embaixada do Brasil no Líbano e ele recusou a cidadania libanesa, por conta disso seus filhos nunca foram considerados libaneses.

Em 1970 com a morte do pai, o embaixador do Brasil no Líbano chamou a mãe das irmãs, Barbara Isper, e disse que seus filhos não poderiam continuar no Líbano, pois eles não tinham cidadania libanesa, sendo assim, não poderiam trabalhar e ter futuro no país. O embaixador a aconselhou a vir para o Brasil. Como dona Barbara já conhecia o país pelas histórias do marido, ela quis vir para São Paulo, a cidade do comércio.

Embarcou no navio com seus cinco filhos rumo ao país de seu falecido marido. Durante a viagem surgiu a ideia de abrir um restaurante, o que acabou virando o seu grande sonho de vida. Ao chegar no país a prioridade em cuidar da família acabou fazendo com que o sonho fosse deixado de lado, mesmo assim foi através da gastronomia que ela pode criar os filhos, cozinhando para fora.

Infelizmente dona Barbara nunca realizou o sonho de abrir o restaurante falecendo em 1994. Mas o sonho permaneceu vivo através de suas filhas Olinda e Xmune. Em 1999 elas encontraram o espaço ideal para abrir o tão sonhado restaurante, finalmente o sonho de sua mãe iria se realizar! Desde então, ocupam o espaço na esquina da Rua Coronel Oscar Porto com a Rua Abílio Soares.

Até hoje as irmãs fazem no restaurante a comida caseira com as receitas que aprenderam com sua mãe, fazendo da Tenda do Nilo um dos restaurantes mais tradicionais do bairro.

Jacob

Jacob Mauad chegou em São Paulo em 1954 com a ideia fixa de abrir um restaurante. Do norte do Líbano, ele veio para o Brasil pois sua esposa, Sultana Mauad, decidiu que seria o melhor quando soube de uma guerra que envolveria seus filhos. Ele veio primeiro, em busca de emprego e estabilidade, depois ela veio com os filhos e desde sempre trabalhou junto ao marido para fundar o restaurante.

Do Líbano, já escutavam as histórias dos imigrantes que vieram antes deles e como prosperaram, lá ele já tinha um restaurante e uma sorveteria e seus estabelecimentos eram bem concorridos.

O Jacob foi inaugurado na Rua 25 de Março, onde a princípio era só uma portinha, sobreloja de uma casa, que servia esfihas, quibes e outras delícias. O restaurante era frequentado por libaneses, sírios e armênios. A famosa rua do comércio ainda era reduto de imigrantes, mas aos poucos foi se tornando um grande centro de comércio e serviço e a partir de 1960 se transformou no maior centro de comércio ao ar livre da cidade.

Após alguns anos, o Jacob mudou-se para uma paralela da 25 de Março e ganhou nova loja a menos de 20 metros da primeira. Depois o restaurante fez tanto sucesso que foi ganhando novas unidades para além da região central, e em 2006 inaugurou a unidade do Paraíso que atualmente é dirigida por Sônia, a filha mais nova de seis irmãos.

Jacob Mauad faleceu há 13 anos, com mais de 8 décadas de vida, 5 delas passadas em São Paulo. Cozinheiro de mão cheia, seu preferido era o quibe cru e sua especialidade era o carneiro na brasa, muito procurado pelos seus clientes.

Raful

Em 1960, os irmãos Raffoul e Tannous Doueihi, recém chegados do Líbano, abriram o pequeno Kit Kat na região da Rua 25 de Março. Eles passaram a servir pratos que continham segredos culinários da família, o restaurante de iguarias árabes logo conquistou os clientes.

Por conta do sucesso que as receitas fizeram, eles conseguiram aumentar suas instalações sem mudar de endereço. Logo os irmãos desfizeram a sociedade e rebatizaram o local como Raful (Nome do proprietário adotado pelos clientes).

Em 2010 o Raful ganhou uma filial para atender seus clientes na região do Paraíso, com intuito de expandir a marca para um novo ponto em SP e dar melhor acesso aos clientes dessa região, onde foi muito bem aceita.

Cada uma dessas histórias carregam uma parte da cultura do Brasil. Suas correntes migratórias para a capital paulista ajudaram a desenhar por aqui toda uma uma variedade culinária, suas misturas e preparos foram primordiais para definir uma gastronomia paulista-armênio-sírio-libanesa, muito própria e representativa na capital paulista.

Preparamos um post com dicas de cafeterias no bairro Paraíso. Clique aqui para ler.

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